E o que tem uma coisa a ver com a outra?
O filme também destaca
a (falta) de atitude das pessoas que cercavam o gordinho, pessoas que, no meu
modo de ver, não enxergam a vítima para que não exista um algoz. Gente sentada
na zona de conforto concedida pela sociedade como prêmio para aqueles que se adaptam à hipocrisia de
uma (a)normalidade institucionalizada. Amarrados aos valores trabalhosos demais para serem revistos, "impossíveis de mudar" por ser o certo, por estarem sedimentados. Gente exercendo a mais consistente
passividade. Afinal, violência e segregação não tem nada de normal!
Se o bullying começa travestido de brincadeiras e piadas, é a “vista grossa” que veste os abusos sofridos e sufoca sua vítima no saco da invisibilidade, protegendo os agressores/ criminosos, podendo elevar as “brincadeiras” = ações odiosas à potência de crimes de ódio. E, um crime não é crime apenas quando leva sua vítima à morte ou provoca lesões físicas. Crime é um ato que infringe as leis e agride direitos, como por exemplo, o tão badalado direito de ir vir, o direito de manifestar opiniões, o direito de protestar contra contextos injustos.
Tanto o bulying (brincadeira que ridiculariza
e subjuga um ser humano por questões que na maioria das vezes ele não tem
ingerência) quanto o crime propriamente dito,
tem como consequência aleijar
pessoas psíquica e emocionalmente.
Ambos (bullying e crime) mudam trajetórias de vidas, incapacitando pessoas para o exercício das suas possibilidades, sonhos, aspirações, habilidades, capacidades, competências.
A atitude das pessoas ao redor define a visibilidade ou não dos massacres que
acontecem rotineiramente contra muitos segmentos, mas para alguns desses há a
preocupação de buscar-se culpados e gerar estatísticas, como aquelas relativas à violência que vemos com mais frequência
nos noticiários.
No entanto, se o crime envolve gênero, passa a ser visto com condescendência, tirando da lista de seres humanos e cidadãos a vítima, uma vez que as leis existem para proteger o cidadão e todos são iguais perante a lei...
Em 2012, o
“Disque 100”, serviço de denúncia telefônica da Secretaria Nacional de Direitos
Humanos, registrou 6.809 casos de violação dos direitos humanos de lésbicas,
gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT).
Em 2013 o número de mulheres assassinadas por serem homossexuais foi quase cinco vezes maior que a média de assassinatos dos últimos 20 anos.
Pois é, o Brasil, não ganhou a Copa, mas é campeão mundial em assassinatos por homofobia.
É o sétimo colocado em assassinato de mulheres e concentra 44% das mortes por homofobia praticadas em todo o mundo e, mais:
Em quatro anos os casos de estupro cresceram 157% por aqui. Um vexame bem maior que perder de 7x1 para a Alemanha... O poder público, “não produz estudos aprofundados, evitando trazer à luz o nível de violência sofrido pelas mulheres e LGBTs”, subestima esses dados dando sua contribuição para a invisibilidade lésbica.
Falando de minorias,
lésbicas, crimes e novela, “Em Família”, criticada do início ao fim, pelo público
em geral, penso no comentário do diretor Daniel Filho referindo-se à reação do
público diante de antigas produções que
abordaram os temas do negro
e relacionamentos interraciais:
“O público recebia melhor quando a dramatização era apresentada dessa forma”.
“Essa forma” era ator branco pintado de preto (Sérgio Cardoso na “Cabana do Pai Tomás), casais interraciais já estabelecidos desde o início da produção (Milton Gonçalves e Suzana Faíni em “Irmãos Coragem”).
“Essa forma” era ator branco pintado de preto (Sérgio Cardoso na “Cabana do Pai Tomás), casais interraciais já estabelecidos desde o início da produção (Milton Gonçalves e Suzana Faíni em “Irmãos Coragem”).
Logo, compreensível o quarteto de lésbicas no estilo Disney World, apresentado na novela do Manoel Carlos, um pacote bem embrulhado com tudo o que a sensibilidade da nossa sociedade pode aguentar, modelos que possam ser questionados, invalidados ou mesmo corrigidos.
E por falar
em “corrigidos”, Os “estupros corretivos” vêm aumentando. Um absurdo baseado na
idéia que “homossexualidade feminina pode ser “curada” pelo estupro", ameaçando
a vida de milhares de lésbicas.
Um crime disfarçado de pensamento, um filhote diabólico do machismo com a homofobia. Esse tipo de pensamento opressor, que subjuga a mulher em sua sexualidade é o que se chama de “invisibilidade lésbica” que dá a noção da carga múltipla de invisibilidade suportada pelas mulheres homossexuais, já que num país machista como o nosso, todas as mulheres são invisíveis, apenas porque são mulheres. No máximo avistam uma bunda aqui, um peito ali....
Um crime disfarçado de pensamento, um filhote diabólico do machismo com a homofobia. Esse tipo de pensamento opressor, que subjuga a mulher em sua sexualidade é o que se chama de “invisibilidade lésbica” que dá a noção da carga múltipla de invisibilidade suportada pelas mulheres homossexuais, já que num país machista como o nosso, todas as mulheres são invisíveis, apenas porque são mulheres. No máximo avistam uma bunda aqui, um peito ali....
Portanto, entrar no armário não é solução para invisibilidade lésbica, mostrem-se meninas, o Brasil precisa mostrar sua verdadeira cara, educar seus ignorantes e punir os verdadeiros bandidos! Ninguém tem que ser morto ou humilhado por ser diferente.
Fonte das estatística citadas: www.pstu.org.br
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