17 de set. de 2016

A VELOCIDADE DA INFORMAÇÃO

Há uns dias querendo escrever algumas coisas, como nos tempos que eu escrevia à mão, com caneta num caderno espiral e depois  reescrevia quando eram poesias, reescrevia até que ficassem rimadas e metrificadas e quando eram textos em prosa, reescrevia, guardava por um tempo até não lembrar  e relia depois para ver se, caso eu fosse outra pessoa e lesse, se conseguiria entender  o mais próximo possível do que tentei escrever e então, datilografava, antes quando mais jovem, passava a limpo num caderno que não tivesse espiral porque cadernos espirais sempre me pareceram perfeitos para rascunhos, afinal, não deixa de ser mágico, eliminar folhas sem deixar sinais, sem danificar a estrutura do caderno. Era assim o meu processo criativo no tempo do papel e da caneta. 



Um tempo quando parecíamos ter mais tempo ou tempo parecia render mais. As notícias chegavam mais devagar e tínhamos mais tempo para as dores, amores, travessuras, mentiras e verdades. Sabíamos que a consequencia de um ato viria e sabíamos quando poderia vir. Era simples. Mentíamos para os nossos pais e enquanto eles não descobrissem, tínhamos um tempo para viver o motivo da nossa mentira. 

Quer um exemplo?  Combinávamos uma reuniãozinha em qualquer lugar, à tarde e, dizíamos que iríamos estudar na casa de um colega. Até nossos pais descobrirem, dava tempo de curtir. Alguns pais levavam semanas, meses e até anos para descobrir e claro, alguns jamais descobririam se não contássemos às gargalhadas anos depois em reunião de família. 
Quando eram rápidos sabíamos que era questão de arcar com as consequencias ao chegarmos à casa. 
Hoje, as coisas galopam numa velocidade tão absurda que muitas vezes não há tempo de tomarmos providências. Eu, pelo menos não consegui escrever sobre o que queria. Em 24 horas milhares de coisas aconteceram e, como numa pauta de  um veículo da imprensa, o assunto ficou para trás.



Vivemos no ritmo da informação e não podemos dizer que antes não era assim, porque era, era exatamente assim.  Só não eram tão anônimas, era mais difícil para as fontes manterem-se desconhecidas por muito tempo. Éramos analógicos e personalizados, no máximo um apelido, nada de login ou nick name. As informações demoravam a chegar, a se distribuírem formando, mudando, transformando conceitos, mudando idéias, provocando julgamentos, ocasionando discórdias. Essas e tantas outras coisas que são tão inerentes ao ser humano que até entraram na bíblia. "Não julgueis para não serdes julgados";  "Não levantarás falso testemunho";  "Não matarás". Curioso, numa época em que a bíblia nunca esteve tão na moda, suas palavras são chicote no lombo alheio e os mandamentos ficam na teoria dos que deveriam dar testemunho na prática.



E o que afinal eu queria escrever? Uma coisa simples de tão complexa e que observei no Programa do Jô na quarta-feira, 14 de setembro de 2016 (continua) 

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