7 de jun. de 2017

O PREÇO DO QUE NÃO SE COMPRA MAS SE ACEITA




A incompetência, acintosamente manda a conta para nós, cidadãos brasileiros, povo do Brasil. Pagamos e muito caro por jamais termos rompido a inércia, por nunca termos promovido a ruptura com o colonialismo, o feudalismo institucional. Pagamos por termos comemorado a Abolição da escravatura, sem termos deixado de ser escravos, libertos sem reconhecimento pelos serviços prestados às riquezas constituídas de roubo, farsa, morte, sangue e hipocrisia.
Pagamos pela ignorância da preguiça ou incapacidade de pensar pela própria cabeça e acatar os desmandos dos políticos que se sentem patrões, agem como reis nababos porque assim o vemos, dessa forma os aceitamos, esse poder conferimos a eles. A insegurança ou o medo de decidir, a incompetência de pensar, lutar ou reagir, nos fez entregar a qualquer um as decisões mais importantes das nossas vidas. Aceitamos como se fosse normal não sermos protagonistas das leis que regem nossa sociedade.
Temos funcionários mal formados, péssimos profissionais, gente que a honestidade só dura o tempo em que falte oportunidade de se praticar o ilícito. Temos bons profissionais, dedicados, idealistas que não nos convencem pela competência porque damos mais valor à marca do tecido, ao corte da roupa e do cabelo, à cor da pele, ao gênero, à elegância externa - "por fora bela viola, por dentro pão bolorento"...
A gente sabe que no comando estão os corruptos e a gente não faz nada a não ser assistir e ainda acreditar no que dizem na TV. Como se não fosse do nosso lombo que saem os pagamentos disso tudo.
A gente já viu que religiosos no poder misturam as coisas todas, facilitam pro clero, pro bispado mas a gente não se importa. 

A gente vê manifestantes e lutas de classes e ainda que seja a nosso favor, a gente não luta, não apóia, nem se abate e ainda critica. Se condói pela vidraça quebrada do banco, aquele mesmo banco que não deixou você abrir uma conta porque seu salário é ridículo, porque você não tem holerit, porque você tem jeito de pobre e é pobre mesmo, porque você é preto, nem é famoso. Aquele mesmo banco que apita e tranca a porta giratória porque você é mal vestido. E te humilha te fazendo ir e voltar e colocar todos os seus parcos pertences, até aquele
celular ainda não pago pro guarda olhar com cara de tédio e nojinho.
As universidades públicas, as únicas que nossos filhos poderiam estudar, estão um lixo e a gente fica achando que não é problema nosso. Que greve é preguiça de professor. A gente não se importa que o dinheiro da manutenção esteja todo nos bolsos, nas malas, nas contas de políticos vagabundos que nunca trabalharam pra valer. Viraram políticos pra não ter justamente que trabalhar.
A gente está tão egoísta que acha que pode ser bom ter no comando do país um homofóbico, racista, religioso de araque que tem irmão mamando nas tetas públicas; e o filhote dele no governo do estado. A gente nem percebe que eles ganham simpatia porque falam mal de pobre, de preto, de gay e desconsideram a mulher como gente.
A gente não faz e ainda fica puto com os que tentam fazer. A gente aplaude a continuidade da ditadura que nunca se foi e ainda expandiu suas formas de tortura e seus torturados. Ela não precisa mais de quartéis e porões.
A gente só perdeu nessa coisa de só ter transição em detrimento da revolução.
Aplaudimos nosso pacifismo porque não somos violentos como os estrangeiros e não vemos que matamos muito mais, aos poucos, na unha, permitindo que o preconceito retire a cidadania, o status de pessoa de alguém que de vítima, passa a ser simplesmente alguém que merecia a tragédia que sofreu.
A gente virou hiena? Tá rindo de quê?
Por quê, Brasil?

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